9.4.25

Mansão dos Mortos V

No Manual de Teologia Dogmática de Ott Ludwign (1906-1985), geralmente consultado pelos medievalistas, constam quatro “infernos”: a) dos condenados; b) purgatório; c) limbo das crianças; d) limbo dos justos ou seio de Abraão. Longe de tentar refutar essa divisão, coube ao artigo refleti-lo um pouco.
Hieronymus Bosch. Descida de Cristo ao Limbo.
1. Antes de seguir neste artigo, cumpre atentar que dogmas são verdades da fé, mas que não foram assim declarados por convenção, mas por revelação divina. Também não pretende esta postagem olvidar aquilo que já foi colocado por Tradição e Magistério, inclusive ao observar as diversas heresias já cometidas nestes dois séculos.

2. Como se vê desde o início desta série, as “situações” de “inferno”, “limbo” e “purgatório” estão continas em um só continente ou lugar. Isto tudo, pois Jesus Cristo, quem julgará os vivos e os mortos, como no credo, é o fogo julgador que passará pela mansão dos mortos, também chamada de Sheol, Hades e “infernos” (CIC 633).

3. Em Mansão dos Mortos IV, fica mais claro ou menos turvo concluir que aqueles em “inferno” diferem daqueles em “purgatório”, donde ambos serão queimados pelo fogo, purificando-se estes ao Reino dos Céus, enfrentando aqueles a condenação para toda eternidade — cabendo, sobre estas coisas, apreciar as visões dos santos e santas.

4. Porém, sobre o “limbo”, nota-se os problemas derivados da teologia medieval, na qual as divisões deveriam segregar os Patriarcas das crianças que morreram sem receberem o sacramento do Batismo, surgindo, então, “limbos” no plural, mas por adoção de critério diverso da privação da visão de Deus, como visto em Mansão dos Mortos II.

5. Ao adotar a visão de Deus como critério ao “limbo” e “purgatório”, aqueles que a tiveram em Jesus Cristo, mas não morreram santificados, esperarão o Juízo Final nesta “situação”, enquanto para a outra irão todos os mortos privados de Nosso Senhor, ou seja, as pessoas ou crianças que não poderiam ter recebido a revelação salvífica.

6. E o Batismo? Se as crianças morrerem sem tal sacramento, estarão nos “infernos” em “inferno”? Os medievalistas acham que sim. Pensar-se-ia nisto como um modo de compelir os pais de batizarem os filhos antes de crescerem, mas tal termina sendo uma forma equivocada, pois qual mãe ou pai, católico, deixaria de querer batizar sua geração?

7. Mas se uma criança morrer sem que venha ao mundo, porém, sendo os pais cristãos, podem batizar aquele ser ainda no ventre? Não. Mas não é uma pessoa, embora em desenvolvimento embrionário? Sim. Daí é que o batismo de desejo se estenderia ao nascituro pela fé de ao menos um genitor — o que é incrivelmente revelador.

8. Parece que não estaria distante da verdade a resposta que procura afirmar ser desejo de Deus Pai querer seus filhos, essas crianças impedidas do Batismo por diversos motivos, inclusive a vontade anticristã dos genitores, próximos de Si. Entretanto, como se deve saber, trata-se de um assunto difícil só de pensar na existência de “limbos” no plural.

9. Até aqui, nesta série, não é tão clara a visão de haver “limbos” no plural, donde um existe não com suporte Evangélico, mas por instruções eclesiais mediante conflitos a respeito da destinação das crianças que morreram sem receberem o sacramento do Batismo, como se verá oportunamente nesta sequência.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Mansão dos Mortos V. Enquirídio. Maceió, 09 abr. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/11/mansao-dos-mortos-v.html.

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